08/11/2011

Espectros invisíveis


Insisto em buscar as cores mais puras;
mesclo as pastéis apenas pra disfarçar!
Nessa vida é bom saber ler nas entrelinhas:
com o passar do tempo as juras se esvaem,
os beijos ardem, apenas servem de consolo.
Sou um midas ao contrário, e o que vejo?
Um tolo transformando o ouro em chumbo
e num segundo, um sonho que se perde ao léu.
Prossigo.
No firmamento crio estrelas, pinto um teto,
e dele caem os pingos de uma chuva escura.
Que loucura esse mundo insipiente de amor!
Protejo-me e entreabro apenas a janela.
Quando na minha tela o pincel, por ventura,
se enternece e tenta criar uma nova cor,
o antigo espectro ainda aparece ao fundo!

por Expedito Gonçalves Dias
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photo por Baraçal