15/04/2011

No mar

Venha, não tenha medo. É só o mar.
Não, eu não sei nadar por nós dois.
Eu te ajudo, vem. Confia, vem.
Estica as pernas assim, abre os braços assim.
Respira assim. Vem.
Mas eu não sei nadar.
Mas eu to aqui. Olhe meus olhos tão arregalados,
como posso guardar mentira aqui?
Eu posso cantar pra ti, eu posso te segurar,
eu posso ficar aqui até conseguires.
Eu não sei. Tá perto. Vai. Solta da borda.
Eu sei, já fostes parar no fundo. Mas agora é diferente.
Tá mais raso. E eu to aqui. Eu vim do outro lado do oceano.
Eu vim só por tua causa. Vem, larga da borda.
Pode vir. Eu vi como tu és e é por isso que estou aqui.
Confia. Não sei. Podes vir. Não tem mais ninguém.
A borda é para os peixes pequenos.
Solta, isso, relaxa a cabeça no meu peito.
Não tem fundo mas eu te ajudo a flutuar.
Tu podes. Calma.
Afoga um pouco no começo, cansa, desespera.
Mas se queres como eu quero? Quero. Então eu te ajudo. tati

03/04/2011

Pintor das planíces

Olho o tapete verde
Salpicado de amarelo
E do encarnado
Das papoilas.
Um tapete enorme,
Que não foi pintado
Nem tecido
Por ninguém conhecido.
E é tão lindo
Vê-lo aparecer
Em todas as Primaveras.
Quem disse que estas terras
São desertas e feias
Nunca olhou com atenção
Para este plano chão
Onde, das mãos do Mestre,
Caiu o arco-íris,
Que com a brisa leve e quente
Espalhou contenteAs suas cores,
Por estas planícies
De tantas lendas,
De tantos amores.
por maria Sousa